domingo, 18 de março de 2012

Tuberculose


DESCRIÇÃO:

    A Tuberculose é um problema de saúde prioritário no Brasil. O agravo atinge a todos os grupos etários, com maior predomínio nos indivíduos economicamente ativos (15 - 54 anos) e do sexo masculino. Doença infecciosa, atinge, principalmente, o pulmão. A Tuberculose primária ocorre durantte uma primo-infecção, e pode evoluir tanto a partir do foco pulmonar, quanto do foco ganglionar ou, então, em consequência da disseminação hematogênica, o que acontece em 5% dos primo-infectados, em geral nos primeiros dois anos após a infecção. A Tuberculose pós-primária ocorre no organismo que tem sua imunidade desenvolvida, tanto pela infecção natural quanto pelo BCG. Dos primo-infectados, 5% adoecerão tardianmente, em consequência do recrudescimento de algum foco já existente no seu organismo (reativação endógena). Também pode ocorrer a reinfecção exógena, ou seja, o paciente adoecer por receber nova carga bacilar do exterior.
    Os pacientes com Tuberculose apresentam comprometimento do estado geral, febre baixa vespertina, sudorese noturna, inapetência e emagrecimento. Quando a doença atinge os pulmões, o indivíduo pode apresentar dor toraxica e tosse inicialmente seca; e quando produtiva, acompanhada ou não de escarros hemoptóicos. A tosse produtiva é o sintoma mais frequente da forma pulmonar. Nas crianças também é comum o comprometimento ganglionar mediastínico e cervical (forma primária), que se caracteriza por lesões bipolares: parênquima e gânglios. Nos pacientes adultos, maiores de 15 anos, a Tuberculose pulmonar atinge cercade 80%, podendo, entretanto, se localizar em outras partes do organismo: rins, ossos e meninges, dentre outras, em função das quais se expressará clinicamente. 
    Uma da formas mais graves é a Tuberculose miliar, decorrente de disseminação hematogênica com acometimento sistêmico, quadro tóxico infeccioso importante e grande risco de meningite. Os pulmões se apresentam difusamente ocupados por pequenas lesões. Os demias orgão podem ser acometidos por lesões identicas.

EPIDEMIOLOGIA:

    No Brasil e em outros 21 países em desenvolvimento, a tuberculose é um importante problema de saúde pública. Nesses países, encontram-se 80% dos casos mundiais da doença. Segundo estimativas, cerca de um terço da população mundial está infectada com M. tuberculosis e com risco de desenvolver a enfermidade. Todos os anos, são registrados por volta de 8 milhões de novos casos e quase 3 milhões de mortes. Pessoas idosas, minorias étinicas e imigrantes estrangeiros são os mais atingidos nos países desenvolvidos. Nos países em desenvolvimento, o predomínio é da população economicamente ativa (de 15 a 54 anos), e os homens adoecem duas vezes mais do que as mulheres.
    No Brasil, por ano, são notificados aproximadamente 85mil casos e de 5 a 6 mil mortes em decorrência da doença. Um aumento considerável na incidência dos casos de Tuberculose aconteceu nos anos 80 devido, principalmente, ao surgimento da epidemia da infecção pelo HIV e a questões sociais como pobreza, abuso de drogas e acesso insuficiente aos serviços de saúde.
    Pacientes com Tuberculose cujo escarro seja BAAR-positivo (pacientes bacilíferos) desempenham papel principal na disseminaão do M. tuberculosis. Esses pacientes frequentemente têm a doença pulmonar cavitária e produzem escarro contendo grande quantidade de BAAR. Calcula-se que, durante um ano, em uma comunidade, um indivíduo bacilífero poderá infectar, em média, de 10 a 15 pessoas.
    O reservatório principal é o homem e, em algumas regiões, o gado bovino doente. A transmissão do bacilo se dá por meio de gotículas transformadas em aerossóis por tosse, espirro ou fala. As gotículas permanecem suspensas no ar e penetram nas vias respiratórias terminais ao serem inaladas. O período de incubação é, em média, de 4 a 12 semanas até a descoberta das primeiras lesões. O período de transmissibilidade é pleno enquanto o doente estiver eliminando bacilos e não tiver iniciado o tratamento.

AGENTE ETIOLÓGICO:
    M. tuberculosis  também conhecido como bacilo de koch (BK). O complexo M. tuberculosis é constituido de várias espécies:  M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum e M. micrroti. Mycobacterium tuberculosis.

DIAGNÓSTICO:
São fundamentais os seguintes métodos:
  • Clínico - baseados nos sintomas e história epidemiológica
  • Laboratórial - exames bacteriológicos
    •   baciloscopia direta do escarro;
    •   cultura do escarro ou outras secreções;
    •   exame radiológico;
    •   tomografia computadorizada do tórax;
    •   broncoscopia;
    •   prova tuberculina;
    •   exame anátomo-patológico;
    •   exame bioquimico;
    •   exame sorológico e de biologia molecular.
TRATAMENTO:
     
    O tratamento para Tuberculose deve ser feito em regime ambulatorial, supervisionado, em serviço de saúde mais próximo a residêcia do doente. A principal estratégia do modelo de atenção ao paciente com Tuberculose é o  TDO, tratamento diretamente observado, essencial para se promover o real efetivo controle da Tuberculose. O TDO visa o aumento da adesão dos pacientes, maior descoberta das fontes de infecção, e o aumento da cura, reduzindo-se o risco de trasmissão da doença na comunidade.

VACINA CONTRA A TUBERCULOSE (BCG)
 

       APRESENTAÇÃO:  produto liofilizado, em ampola de cor âmbar, para uso intradérmico (ID). dose de 0,1mg/0,1ml em frascos multidoses.
     
         DISPONIBILIDADE: disponivel na rede pública e nas clinicas privadas.
    
    COMPOSIÇÃO: contém bacilos de Calmette-Guérin vivos, da cepa Moreau-Rio de Janeiro, atenuados por sucessivas passagens em meio de cultura. Após diluição, cada dose contém pelo menos 2milhões de bacilos, glutamato de sódio e solução fisiológica.

     CONSERVAÇÃO E ASPECTO: conservar entre 2º C e 8º C. Após diluição, a suspenssão é levemente opaca, apresentando pequenos filamentos que se depositam. A ampola deve ser agitada antes de carregar a seringa. Deve ser utilizada em até 6 horas após a diluição (ou de acordo com o laboratório fabricante) , mantida sob refrigeração e protegida da luz solar direta ou difusa. Não há risco de inativação por exposição a luz artificial.

      INDICAÇÕES: O MS recomenda administrar a vacina BCG em todos os RNs, na maternidade, desde que pesem, no mínimo 2kg e não apresentem intercorrências clínicas. Nos casos das mães infectadas pelo HIV, com sindrome da imunodeficiência aquirida ou com situação desconhecida, os RNs deveram ser vaciados, conforme a rotina, logo após o nascimento. Lactentes e crianças não vacinados ao nascimento e que sejam HIV-positivo assintomáticos e sem imunodepressão podem ser vacinados. A vacina não está indicada para adolescentes (>=  13 anos de idade) e para adultos HIV-positivo ou com AIDS. Embora não seja rotineiramente recomendada para adultos, a vacina deve ser considerada para os profissionais de saúde que estejam expostos a casos bacilíferos e sejam não reatores ou reatores fracos ao teste tuberculínico.

    CONTRAINDICAÇOES: temporárias: RN com peso inferior a 2kg, presença de afecções dermatológicas extensas na área da aplicação da vacina, quimioterapia antituberculosa e gestação. Em casos de uso de drogas imunossupressoras ou de corticosteróides em altas doses (prednisona ou equivalente na dose >2mg/kg/dia ou >20mg/dia para pessoas que pesem mais de 10kg, por mais e duas semanas), deve-se adiar a vacinação por até 3 meses após o término da medicação. Definitivas: imunodeficiência congênita, conhecida ou suspeita (inclusive defeito na função dos fagócitos), HIV-positivo sintomático, leucemia, linfoma, terapias imunossupressoras (quimioterapia antineoplásica, radioterapia) e doença maligna generalizada.

         EVENTOS ADVERSOS: Em geral, não provoca reações sistêmicas. Complicações e reações anafiláticas são raras. Cicatrização mais lenta, com evolução de mais de 6 meses de duração, ou enfartamento ou supuração de gânglios linfáticos podem ocorrer por vários motivos: resposta exagerada do indivíduo  à vacinação, técnica imperfeita na administração, dose excessiva ou baixa imunidade. Segundo dados americanos, a incidência de doença disseminada fatal como complicação da BCG é de 0,19-1,56/milhão de vacinados e ocorre quase exclusivamente como consequência de vacinação inadvertida de pessoas com comprometimento grave da imunidade elular. O seguimento de lesão vacinal incomum e a avaliação da necessidade de investigar a presença de tuberculose ou de utilizar quimioprofilaxia devem ser realizados pela Secretária de Saúde local.

           INTERAÇÕES:  A vacina BCG não interfere na resposta de vacinas inativadas ou atenuadas quando administradas simultaneamente, em locais diferentes, ou com qualquer intervalo entre elas. Também não há relato de aumento de eventos adversos nessas situações.






FONTE: Doenças imunopreviníveis, vacinas e imunoglobulias. Cunha, Juarez; Krebs, Lenita Simões; Guimarães, Jordana de Fraga; Barros, Elvino. cap.30. p.472 a 472.
                Guia de bolso, Doenças infecciosas e parasitárias. Ministério da Saúde. p.402 a 418.  

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