A administração de medicamentos é uma das atividades
mais sérias e de maior responsabilidade da enfermagem, e para realizá-la,
faz-se necessário o conhecimentos dos princípios científicos que a fundamentam
como a farmacologia, a terapêutica medica no que diz respeito à ação, à dose,
aos efeitos colaterais, aos métodos e às precauções na administração de drogas.
O planejamento dessa ação engloba as técnicas pelas
diferentes vias de administração, orientação e supervisão do pessoal técnico,
interpretação terapêutica, preparo da criança e observância das possíveis
reações adversas e ações iatrogênicas.
Vias de administração de
medicamentos
Compreende
a maneira como a droga é administrada, podendo ser:
·
Tópica
·
Mucosa
·
Oral
·
Inalatória
·
Oftálmica
·
Otologia
·
Retal
·
Geniturinária
·
Parenteral
Via tópica:
Utilliza-se essa via quando os medicamentos são
administrados sobre a pele, de modos diferentes e em varias formas de
apresentação farmacêutica, com o propósito fundamental de exercerem ações
locais. A possibilidade de absorção apreciável depende das condições em que se
apresenta a pele, bem como do modo de uso e da natureza do medicamento – se seu
vinculo é aquoso, oleoso ou alcoólico.
Via mucosa:
O poder absorvente das mucosas constitui uma de suas
características fisiológicas, uma vez que encontramos nessa área uma rica rede
de capilares que facilita a absorção dos fármacos aplicados. Vale destacar que,
na utilização dessa via, haverá uma seletividade na absorção do fármaco,
permitindo em certas situações, que o efeito terapêutico deles sejam percebidos
sistematicamente. Teoricamente, podemos utilizar todas as áreas de mucosa
externa do organismo, sendo a mais comum a sublingual, a nasal e a ocular.
É importante lembrar que os medicamentos
administrados pela via mucosa não sofrem o fenômeno de primeira passagem no
fígado. Por essa razão, seu efeito se dá quase imediatamente. A desvantagem é
que a vida útil dos fármacos administrados por essa via é muito curta.
Via
oral:
Os fármacos administrados por essa via utilizam o
trato gastrointestinal, em particular as primeiras porções do intestino
delgado, como áreas de absorção. Esses fármacos podem ser administrados pela
boca, como acontece nos casos de clientes acordados e lúcidos, ou por entubação
gástrica e intestinal, utilizando-se sondas gástricas e intestinais
respectivamente. Medicamentos com sabores desagradáveis acabam sendo uma
dificuldade para a utilização de apresentações liquidas, principalmente em
pediatria. Essa via é utilizada tanto para fins terapêuticos como para
diagnósticos.
Via respiratória (inaloterapia):
A inaloterapia é um tratamento medicamentoso que se
utiliza da mucosa bronco-pulmonar como meio de absorção do medicamento.
Restringe-se a administração de aerossóis de natureza e composições variáveis,
destinados essencialmente a produção de efeitos locais; de certos gases não
absorvíveis, normalmente o nitrogênio e o Helio, que podem ser uteis para
evitar atalectasia pulmonar em determinadas circunstancias ou para facilitar a
passagem do oxigênio pelas porções estreitas das vias respiratórias; e de
agentes voláteis e gasosos difusíveis, com a finalidade de serem absorvidos pelos
pulmões e exercerem ações gerais.
Via oftálmica:
Consiste
na aplicação de pomada ou colírio na conjuntiva ocular com a finalidade de
tratar infecções, proteger a córnea, dilatar pupila ou contraí-la e anestesiar.
Recomendação: medicação de uso individual e limpeza
com SF antes da medicação.
Via otológica:
Introdução de
medicamento no canal auditivo com fins terapêuticos, como amolecimento de cera
e tratamento de processos inflamatórios.
Via retal:
A absorção do fármaco se da pela mucosa retal. Seu
uso é apenas admissível esporadicamente e com indicações precisas, sendo
justificável para obtenção de efeitos locais – como a lubrificação e proteção
da mucosa do reto contra agentes irritantes, tratamento de determinadas
infecções, lavagem intestinal, emulsificação e amolecimento de fezes, casos de
fecaloma e para fins de diagnostico, u ainda para efeitos sistêmicos
secundários à absorção de certos medicamentos (analgésicos, antiinflamatorios,
antiespasmódicos).
Via geniturinária:
As drogas introduzidas diretamente nesse aparelho
destinam-se a exercer apenas atividade local. No entanto, por se tratar de
também de uma mucosa, é possível que haja absorção do medicamento e
consequentes efeitos sistêmicos desse no organismo, que poderão ser nocivos,
principalmente nos casos de inflamação que facilitam sobremaneira a absorção.
No aparelho genital feminino em particular, essa via é muito utilizada nos
tratamentos das infecções vaginais, principalmente aquela causada por cândidas e trichomonas.
Vias parenterais:
Refere-se ao modo de administração de medicamentos
ou nutrientes por qualquer via que não seja oral ou intestinal, e que para sua
operacionalização necessita de dispositivos como seringas, cateteres, agulhas e
equipos de infusão.a administração de medicamentos se faz por meio de injeções,
que consistam na introdução de drogas em tecidos ou órgãos por meio de pressão,
utilizando os matérias acima citados. As vias parenterais mais comumente
utilizadas para administração de medicamentos no organismo são as vias
intradérmica, subcutânea, intramuscular e intravenosa.
·
Via intradermica (ID)
A injeção intradérmica consiste na aplicação de
solução na derme (área localizada entre a derme e o tecido subcutâneo. Esta via
é utilizada para realizar testes de sensibilização, diagnósticos e aplicar a
vacina da BCG.
Os locais de aplicação de injeção ID em pediatria
são: face interna do antebraço, região escapular, porção inferior do deltóide,
locais onde a pilosidade é menor e há pouca pigmentação, oferecendo um fácil
acesso a leitura da reação do alérgeno e da vacina.
Os efeitos adversos da injeção intradérmica são
decorrentes da falha na administração da vacina como: aplicação profunda, da
dosagem incorreta e da contaminação
Indicação: todas as idades
Contraindicação: lactentes com peso inferior a
1.500g
Volume: 0,1 a 0,5 ml.
Ângulo da agulha: 15º até que o bisel desapareça.
Localização da punção: inserção inferior do
deltóide.
Tipo de agulha: pequena 10 x 5 ou 13 x 4,5
·
Via subcutânea (SC)
A injeção subcutânea consiste na aplicação de
solução na região subcutânea, isto é, na hipoderme (tecido adiposo abaixo da
pele). Esta via é utilizada principalmente para drogas que necessitam ser
lentamente absorvidas. Vacinas como antirrábica, a tríplice viral e a insulina
tem indicação especifica por esta via, pois caso a medicação atinja o músculo,
ela chegará rapidamente na corrente sanguínea.
Os locais para aplicar a injeção recomendados são: a
parede abdominal (hipocôndrio direito ou esquerdo), a face anterior e externa
da coxa, a face anterior e externa do braço, a região glútea e a região dorsal,
logo abaixo da cintura.
Indicação:
todas as idades.
Contraindicações:
em locais próximos as articulações, nervos e grandes vasos sanguíneos.
Volume:
0,5 a 1,0 ml.
Ângulo
da agulha: agulha 13 x 4,5, crianças eutróficas e obesas: ângulo reto de 90º,
criança hipotrófica: ângulo de 30º ou 2/3 da agulha introduzida. Agulha 25 x 6,
crianças eutróficas e obesas: ângulo de 45º.
Localização
da punção: padronizar o local da aplicação, estabelecendo o padrão de
revezamento dos locais de aplicação e obedecendo a distância mínima de 2 cm da
última.
Tipo
de agulha: 13 x 4,5 ou 25 x 6.
·
Via intramuscular (IM)
Consiste na aplicação de solução no tecido muscular.
Trata-se de um procedimento muito comum no ambiente de cuidado, tem a
finalidade tanto curativa quanto preventiva, mas provoca muito medo nas
pessoas, especialmente nas crianças.
Para que a técnica de injeção intramuscular seja
realizada com êxito, é necessário conhecimento cientifico por parte do
profissional que a desempenhará. A escolha do local deve respeitar os critérios
baseados na quantidade e na característica da droga prescrita, condições da
massa muscular, quantidade de injeções prescritas, locais livres de grandes
vasos e nervos em camadas superficiais, acesso ao local e risco de
contaminação, local apropriado a inserção necessária da agulha, o tamanho
apropriado da agulha e o ângulo apropriado para a aplicação.
Os locais de injeção IM em pediatria são os mesmos
do adulto, ou seja, o vasto lateral da coxa, ventroglútea, dorsoglútea e
deltóide.
o Ventroglútea:
Músculo:
glúteo médio e mínimo.
Indicação:
todas as idades.
Contraindicação:
não tem, sendo apenas livre de nervos e estruturas importantes.
Volume:
lactente, 0,5mL ate 1 ml. Infante e pré-escolar, 2,0 ml. Escolares, 3 ml.
Adolescentes, 4 ml.
Ângulo
da agulha: 90º discretamente angulada em direção a crista ilíaca.
Tipo
de agulha: o calibre e o tamanho da agulha devem ser de acordo com a massa
muscular. 30 x 7 ou 25 x 6, exceto vacinas e vitamina K no RN, no qual se usa a
agulha 13 x 4,5.
o Face Antero-lateral da coxa:
Músculo:
vasto lateral
Indicação:
todas as idades.
Contraindicação:
locais mais dolorosos.
Volume:
lactentes, 0,5mL ate 1ml. Infante e pré-escolar, 2,0ml. Escolares, 3ml. Adolescentes,
4ml.
Ângulo
da agulha: 45º no sentido do joelho, em lactentes e pré-escolares. 90º voltado
para o pé em crianças maiores.
Localização:
terço médio da face Antero-lateral da coxa, entre o trocanter maior e a
articulação do joelho.
Tipo
de agulha: o calibre e o tamanho da agulha devem ser de acordo com a massa
muscular. 30 x 7 ou 25 x 6, exceto vacinas e vitamina K no RN, no qual se usa a
agulha 13 x 4,5.
o Dorsoglútea:
Músculo:
glúteo Máximo.
Indicação:
crianças que deambulam pelo menos a um ano.
Contraindicação:
próximo do nervo ciático.
Volume:
lactentes, 0,5ml ate 1ml. Infante e pré-escolar, 2,0 ml. Escolares, 3ml.
Adolescentes, 4ml.
Ângulo
da agulha: 90º em relação a superfície em que o cliente esta apoiado.
Localização:
entre o trocanter maior e a espinha ilíaca.
Tipo
de agulha: o calibre e o tamanho da agulha devem ser de acordo com a massa
muscular. 30 x 7 ou 25 x 6, exceto vacinas e vitamina K no RN, no qual se usa a
agulha 13 x 4,5.
o Deltóide:
Músculo:
deltóide.
Indicação:
adolescentes.
Contraindicação:
adolescentes pouco desenvolvidos e crianças
Volume:
adolescente 3 ml.
Ângulo
da agulha: 90º
Localização:
abaixo do acrômio.
Tipo
de agulha: o calibre e o tamanho da agulha devem ser de acordo com a massa
muscular. 30 x 7 ou 25 x 6, exceto vacinas e vitamina K no RN, no qual se usa a
agulha 13 x 4,5.
Via
endovenosa (EV) ou via intravenosa (IV)
É uma via de absorção rápida, pois o medicamento não
passa pelo processo de absorção e por ser administrada diretamente no plasma
sua ação é imediata.
A utilização dessa via ocorre com maior frequência
na hospitalização. A administração de medicamentos ocorre através de um
dispositivo intravenoso instalado por punção, podendo ser um processo
repetitivo no qual a criança revive a angustia gerada por essa experiência, que
pode resultar em traumas.
Locais mais comuns para
punção venosa:
Couro cabeludo (região frontal, auricular posterior
e temporal).
Dorso da mão (veias metacarpianas dorsais, arco
venoso dorsal).
Antebraço (veia cefálica acessória, veia cefálica,
veia basílica).
Braço (veia mediana cubital, veia mediana
antebraqueal, veia basílica e veia cefálica).
Dorso do pé como último recurso devido às
complicações tromboembólicas. (arco venoso dorsal, veia mediana marginal).
Cabeça (veias superficiais temporais, veia frontal, veia
posterior auricular).
Tornozelo (safena interna)
Pescoço (jugular externa e jugular interna)
A medicação endovenosa pode
ser ministrada:
Diretamente na veia: “em bolus”, (conectando a
seringa a um dispositivo intravenoso após diluição ou rediluição)
Diluída em bureta: reduz os riscos da rápida
infusão, permite a rediluição da droga em pequenos volumes, facilita o controle
e a anotação de volume infundido. Geralmente o medicamento é infundido entre
30º e 60º.
Soluções: mistura-se a droga a grandes volumes de
fluido. Geralmente eletrólitos, vitaminas adicionadas ao soro glicosado ou
fisiológico infundidos em ate 24 horas.
Flebite
A
flebite é uma inflamação de uma veia, geralmente nas pernas.
Caracterizada por um quadro de dor e hiperemia
localizada na trajetória da veia acometida por irritação contínua do endotélio
seguida de uma colonização bacteriana.
A causa mais comum é a iatrogênica, provocada pelas
agressões químicas (soluções concentradas) e mecânicas (punções e cateterizações).
Ao contrário das veias profundas, as veias
superficiais não são envolvidas por músculos que as comprimem e que podem
provocar o desalojamento do trombo (tromboflebite). Por essas razões, a flebite
superficial raramente causa embolia.
Tipos:
Tromboflebite: distúrbio no qual um coágulo se forma
em uma veia. Esta associada à inflamação/trauma da parede venosa, ou uma
obstrução parcial da veia. A formação de coagulo esta relacionada à estase do
fluxo sanguíneo, anormalidades nas paredes dos vasos e alterações no mecanismo
de coagulação.
Há dois tipos de tromboflebite:
A tromboflebite superficial, que ocorre quando
coágulo sanguíneo forma-se em uma veia que corre perto da superfície do corpo.
Esse tipo de tromboflebite é menos sério e geralmente responde rapidamente ao
tratamento médico.
A trombose de veia profunda, que é uma condição
médica mais séria que pode resultar em embolia pulmonar (quando o coágulo viaja
até os pulmões), a qual é uma condição que pode ser fatal.
Prevenção da tromboflebite
Caso a pessoa tenha histórico familiar de tromboflebite, há coisas que ela pode fazer como prevenção desta condição médica:
Manter-se ativo fazendo caminhadas frequentes, especialmente se estiver em um voo de longa distância ou dirigindo um carro.
Caso não tenha como sair do assento, mover as pernas tão frequentemente como possível.
Prevenir a obesidade com exercícios e dieta saudável.
Não fumar.
Controlar a pressão sanguínea.
Caso a pessoa tenha histórico familiar de tromboflebite, há coisas que ela pode fazer como prevenção desta condição médica:
Manter-se ativo fazendo caminhadas frequentes, especialmente se estiver em um voo de longa distância ou dirigindo um carro.
Caso não tenha como sair do assento, mover as pernas tão frequentemente como possível.
Prevenir a obesidade com exercícios e dieta saudável.
Não fumar.
Controlar a pressão sanguínea.
Cuidados de
enfermagem na prevenção de flebites:
· Monitorar regularmente os
locais de cateteres visualmente ou por palpação através do curativo intacto,
dependendo da situação clínica de pacientes individuais. Caso os pacientes
apresentem dor à palpação no local da inserção, febres sem fonte óbvia ou demais
manifestações, o curativo deverá ser retirado de forma a permitir total exame
do local.
· Observar os procedimentos
adequados para higiene das mãos, seja lavando as mesmas com sabão convencional
que contenha antisséptico e água ou com gel ou espumas sem água com base em
álcool.
· Utilizar luvas limpas ou
estéreis quando inserir um cateter intravascular, conforme exigido pelo Padrão
de Patógenos Transmitidos pelo Sangue da Administração de Saúde e Segurança
Ocupacionais.
· Utilizar luvas limpas ou
estéreis quando trocar o curativo nos cateteres intravasculares.
· Desinfetar a pele limpa com
um antisséptico apropriado antes da inserção do cateter e durante as trocas de
curativos. Embora seja preferencial uma preparação a base de clorexidina 2%,
poderá ser utilizada tintura de iodo, um iodóforo ou álcool 70%.
· Utilizar gaze estéril ou
curativa estéril, transparente e semipermeável, para cobrir o local do cateter.
· Selecionar o cateter,
técnica e local de inserção considerando o menor risco de complicações.
· Substituir cateteres venosos
periféricos pelo menos a cada 72- 96 horas em adultos visando evitar flebite.
ANEXO:
FIGURA 1.
Vias
de administração de medicamentos e angulações das agulhas.
BIBLIOGRAFIA:
1.
http://irlab.fe.up.pt/ctl/us3_collection/946/www.nutritotal.com.br%2Fdiretrizes%2Ffiles%2F31--CateterCDC.pdf.
DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO DE INFECÇÕES RELACIONADAS A CATETERES INTRAVASCULARES.
2.
ENSINANDO A CUIDAR DA CRIANÇA. Almeida
Figueiredo. Nébia Maria. Cap 7. Editora Yendis.
3.
PLANOS DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM. Doenges. Marilynn; Moorhouse, Mary
Frances; Geissler. Alice. Editor Guanabara Koogan. P.116
4.
PATOLOGIA
ESTRUTURAL E FUNCIONAL. Robbins. P.475
5.
ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS. Almeida de
Figueiredo. Nébia Maria. Editora Difusão. Cap 5.
Gostei!
ResponderExcluirMuito bom! ;)
ResponderExcluirerra isso que eu precisava
ResponderExcluirotima explicação parabens
ResponderExcluirBem explicado!!!! Parabéns e obrigado
ResponderExcluirAjudou muito!
ResponderExcluirMuito bem explicado,gostei parabéns!
ResponderExcluirMuito bem explicado,gostei parabéns!
ResponderExcluirBem explicado!!! Obrigada
ResponderExcluirBem prático e específico,gostei.
ResponderExcluirperfeito
ResponderExcluirGostei era o q procurava, gostaria de ver mais vias de medicamentos.
ResponderExcluir