Alterações cromossomiais
Erros durante a divisão celular podem alterar os cromossomos
da célula. Essas alterações ou mutações cromossomiais, também chamadas
anomalias ou aberrações cromossomiais, podem ser numéricas (no numero do
cromossomo de uma célula) ou estruturais (na sequência de genes de um
cromossomo).
Alterações numéricas:
Podem ser classificadas em:
Ø
Euploidia – ocorre quando há uma redução ou
aumento em toda coleção de cromossomos,
formando células n (haploidia ou
monoploidia), 3n ( triploidia), 4n ( tetraploidia), e assim por diante.
Ø
Aneuploidia – acontece quando apenas o numero de
certo tipo de cromossomo sofre alteração para mais ou para menos. Nesse caso,
pode haver trissomia (três cromossomos de um determinado tipo) monossomia ( um
cromossomo apenas) e nulissomia (falta um par de homólogos).
- Como surgem as alterações numéricas:
Se uma substância como a colchicina, interferir na formação
do fuso acromático durante a divisão celular, os cromossomos podem duplicar sem
que haja alinhamento no equador e migração para os pólos. Forma-se, então, uma
célula com o dobro do número de cromossomos
Em outros casos a ação de substancias químicas, de vírus ou
de radiação pode provocar ruptura apenas em determinadas fibras do fuso
acromático ou em determinado centrômero. Se isso ocorrer em células
germinativas ( que sofrem meiose), os cromossomos homólogos pode não se
separar, deixando de migrar um para cada pólo, como normalmente ocorre na
meiose. Esse fenômeno chamado não-disjunção – pode ocorrer também na
segunda divisão da meiose: as cromátides não se separam, migrando ambas para o
mesmo pólo.
O resultado desse processo é a formação de gametas
defeituosos, com falta ou excesso de cromossomos, que poderão ser responsáveis
pela formação de zigotos com numero anormal de cromossomos e de embriões que
não se desenvolvem, provocando aborto espontâneo, por exemplo.
Se o embrião se desenvolver, forma-se um indivíduo com
numero anormal de cromossomos em todas as células e que, em geral, desenvolverá
alguma síndrome. Qualquer pessoa tem pequena chance de gerar filhos com algum
tipo de anomalia. Esse risco aumenta se houver casos na família ou se a mãe
tiver mais de 40 anos de idade.
Se a não-disjunção for parcial, ela pode causar aneuploidia.
Quando há não-disjunção de todo o conjunto de cromossomos, ocorre euploidia;
neste caso seria formado, por exemplo um gameta 2n, que , fecundado por um
gameta normal n, resultaria em um
zigoto 3n (triplóide).
Esse fenômeno pode ocorrer também: durante a primeira mitose
do zigoto; no decorrer do desenvolvimento embrionário; na regeneração de
tecidos do individuo já formado. Nessas situações, o individuo apresentará
células com padrões diferentes, caracterizando uma condição chamada mosaicismo, ou seja, tecidos com
células normais misturadas a outros com células portadoras de padrão
cromissomial anormal. Mas os efeitos sobre o organismo costumam ser pequenos.
Alterações estruturais:
As alterações cromossômicas estruturais correspondem a
modificações no tamanho ou nna sequência dos genes ao longo do filamento. Elas
podem ser provocadas, por exemplo, por vírus, radiação e substancias química.
Quando ocorrem durante a mitose das células do corpo, seus
efeitos são mínimos, pois apenas algumas células serão atingidas, embora, em
alguns casos, a célula alterada possa se transformar em células cancerosas e
crescer formando um tumor.
Se essas alterações acontecem na meiose como resultado, por
exemplo, de uma permutação anormal, elas podem ser transmitidas aos
descendentes, que terão cromossomos anormais em todas as células. As
conseqüências variarão de acordo com o tipo de alteração.
- Tipos de alterações estruturais:
Existem quatro tipos de alterações estruturais: inversão,
deficiência ou deleção, duplicação e translocação.
Suponha que haja ruptura (provocada por uma radiação, por
exemplo) em determinado trecho de um cromossomo e que um pedaço desse
cromossomo se solte. Se esse pedaço sofrer uma ressoldagem em posição
invertida, ocorrerá inversão na sequência de genes.
Caso ele se desloque, fixando-se em outro cromossomo
homologo (que contem genes para as mesmas características), o cromossomo
original apresentara deficiência ou deleção,
e o que recebeu o novo pedaço apresentará duplicação
na sequência de seus genes.
No caso de ligações
desse pedaço ao cromossomo não homólogo, dizemos que houve translocação.
v
Alterações estruturais na espécie humana:
No ser humano, a perda de um segmento de cromossomo
(deleção) é quase sempre prejudicial, mas as outras alterações podem ter também
efeitos benéficos, aumentando a diversidade genética e originando novas combinações de genes. Por isso, tem
papel importante na evolução das espécies
Um exemplo de deleção é a síndrome do miado do gato, em que falta um segmento do cromossomo 5,
provocando má-formação na face e defeitos na laringe, alem de deficiência
neuromotora e mental. Por causa desse defeito, o choro da criança portadora
dessa síndrome se assemelha a um miado de gato.
As outras anomalias estruturais podem interferir no
funcionamento genético e provocar a morte do zigoto ou doenças, ate mesmo
alguns tipos de câncer. Alem disso, essas anomalias dificultam a separação de cromossomos homólogos durante
a meiose, diminuindo a fertilidade do individuo.
Um caso bem estudado é o cromossomo Philadelphia (referencia
a cidade onde foi descoberto em 1962), formado por uma transcrição entre o
cromossomo 22 e o 9. Essa mudança afeta um gene que controla a divisão celular,
causando um tipo de leucemia.
- O bebê será normal?
Alguns exames permitem descobrir a existência de anomalias cromossomiais
logo no inicio da gravidez. Uma dessas técnicas, denominada amniocentese, é feita geralmente a
partir da décima quarta semana de
gestação e consiste no exame de células do feto encontradas no liquido amniótico. Uma pequena quantidade
de liquido pode ser retirada no principio da gravidez. Examinando essas células
após cultura de tecido, faz-se o cariótipo do feto para verificar se ele é
anormal. O resultado demora de duas a três semanas.
Outra técnica é a biópsia
vilocorial , na qual se retiram amostras da placenta. Em geral é feita por
volta da décima semana de gravidez.
Uma técnica mais recente de diagnostico e terapia de doença
de crianças ainda no útero materno é a cordocentese, feita a partir da vigésima
semana. Trata-se de uma punção do cordão umbilical para retirar amostra do
sangue do feto ou para transfusão no tratamento de doenças sanguíneas.
Esses exames, porém, envolvem um pequeno risco de aborto
involuntário (em torno de 1%) e, por isso, são indicados para mães em idade
avançada (acima dos 35 anos de idade) ou que já tiveram um filho com alguma alteração cromossomial.
- Por que fazer o cariótipo?
O cariótipo nos permite saber qual o numero e qual a forma
dos cromossomos de uma espécie e estabelecer o seu padrão normal. Alterações nesse padrão, seja no numero ou na forma de um ou
mais cromossomos, geralmente trazem sérios problemas para os indivíduos, que
passam a apresentar anomalias, algumas letais. Essas alterações são chamadas mutações cromossômicas e são
responsáveis por diversas doenças.
As mutações mais comuns na espécie humana estão relacionadas
principalmente a alterações no numero de cromossomos de cada par de homólogos.
Essas mutações ocorrem em geral por erros na meiose.
Algumas das mutações cromossômicas são:
- Síndrome de Down ou mongolismo:
Os indivíduos possuem um cromossomo a mais no par 21. Os
sinais clínicos dessa síndrome são: cabeça pequena, com a face achatada; olhos
com os cantos externos puxados para cima; boca pequena, mas língua no tamanho
normal, o que a deixa para fora da boca; dentição irregular; pescoço curto e
largo; baixa estatura; dedos curtos; linha reta na palma da Mao; coeficiente
intelectual baixo. Podem chegar a idade adulta.
- Síndrome de Patau:
Os indivíduos possuem um cromossomo a mais no par 13. Os sinais
clínicos dessa síndrome são: cabeça pequena, olhos afastados, orelhas
malformadas, defeitos sérios no coração, sistema digestivo e geniturinário;
geralmente são surdos e cegos. Sobrevivem ate no Maximo 3 anos de idade.
- Síndrome de Edwards:
Os indivíduos possuem um cromossomo a mais no par 18. Os
sinais clínicos dessa síndrome são; cabeça pequena e estreita, olhos afastados;
boca e queixo pequenos; pés deformados; anomalias graves no coração, nos rins e
no sistema reprodutor. Sobrevivem no
Maximo ate 1 ano de idade.
- Síndrome de Klinefelter;
Os indivíduos possuem um cromossomo X a mais. É uma síndrome
relacionada com os cromossomos sexuais. Possuem dois cromossomos X e um Y. Esses indivíduos são todos do sexo masculino.
Os sinais clínicos da síndrome de Klinefelter são; testículos pequenos;
ausência de espermatozóides e, em alguns casos, seios mais evidentes. Vivem
normalmente, mas são estéreis.
- Síndrome de Turner:
Os indivíduos possuem um cromossomo sexual: o X. São,
portanto mulheres. Os sinais clínicos dessa síndrome são: estatura pequena, não
ultrapassando 135 cm na idade adulta; ovário não-funcional; pescoço curto e
largo e anomalias renais. Vivem normalmente.
Biliografia:
Lopes, Sonia; bio; vol
1; pag 232 e 233; editora saraiva
Linhares, Sergio; Gewandsznajder, Fernando; biologia hoje,
citologia, histologia,origem da vida; vol 1; pag 282 a 287; editora ática.
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