domingo, 24 de junho de 2012

ALTERAÇÕES CROMOSSOMIAIS


Alterações cromossomiais
Erros durante a divisão celular podem alterar os cromossomos da célula. Essas alterações ou mutações cromossomiais, também chamadas anomalias ou aberrações cromossomiais, podem ser numéricas (no numero do cromossomo de uma célula) ou estruturais (na sequência de genes de um cromossomo).

Alterações numéricas:

Podem ser classificadas em:
Ø  Euploidia – ocorre quando há uma redução ou aumento em toda  coleção de cromossomos, formando células n (haploidia ou monoploidia), 3n ( triploidia), 4n ( tetraploidia), e assim por diante.
Ø  Aneuploidia – acontece quando apenas o numero de certo tipo de cromossomo sofre alteração para mais ou para menos. Nesse caso, pode haver trissomia (três cromossomos de um determinado tipo) monossomia ( um cromossomo apenas) e nulissomia (falta um par de homólogos).

  • Como surgem as alterações numéricas:
Se uma substância como a colchicina, interferir na formação do fuso acromático durante a divisão celular, os cromossomos podem duplicar sem que haja alinhamento no equador e migração para os pólos. Forma-se, então, uma célula com o dobro do número de cromossomos
Em outros casos a ação de substancias químicas, de vírus ou de radiação pode provocar ruptura apenas em determinadas fibras do fuso acromático ou em determinado centrômero. Se isso ocorrer em células germinativas ( que sofrem meiose), os cromossomos homólogos pode não se separar, deixando de migrar um para cada pólo, como normalmente ocorre na meiose. Esse fenômeno chamado  não-disjunção – pode ocorrer também na segunda divisão da meiose: as cromátides não se separam, migrando ambas para o mesmo pólo.
O resultado desse processo é a formação de gametas defeituosos, com falta ou excesso de cromossomos, que poderão ser responsáveis pela formação de zigotos com numero anormal de cromossomos e de embriões que não se desenvolvem, provocando aborto espontâneo, por exemplo.
Se o embrião se desenvolver, forma-se um indivíduo com numero anormal de cromossomos em todas as células e que, em geral, desenvolverá alguma síndrome. Qualquer pessoa tem pequena chance de gerar filhos com algum tipo de anomalia. Esse risco aumenta se houver casos na família ou se a mãe tiver mais de 40 anos de idade.
Se a não-disjunção for parcial, ela pode causar aneuploidia. Quando há não-disjunção de todo o conjunto de cromossomos, ocorre euploidia; neste caso seria formado, por exemplo um gameta 2n, que , fecundado por um gameta normal n, resultaria em um zigoto 3n (triplóide).
Esse fenômeno pode ocorrer também: durante a primeira mitose do zigoto; no decorrer do desenvolvimento embrionário; na regeneração de tecidos do individuo já formado. Nessas situações, o individuo apresentará células com padrões diferentes, caracterizando uma condição chamada mosaicismo, ou seja, tecidos com células normais misturadas a outros com células portadoras de padrão cromissomial anormal. Mas os efeitos sobre o organismo costumam ser pequenos.

Alterações estruturais:

As alterações cromossômicas estruturais correspondem a modificações no tamanho ou nna sequência dos genes ao longo do filamento. Elas podem ser provocadas, por exemplo, por vírus, radiação e substancias química.
Quando ocorrem durante a mitose das células do corpo, seus efeitos são mínimos, pois apenas algumas células serão atingidas, embora, em alguns casos, a célula alterada possa se transformar em células cancerosas e crescer formando um tumor.
Se essas alterações acontecem na meiose como resultado, por exemplo, de uma permutação anormal, elas podem ser transmitidas aos descendentes, que terão cromossomos anormais em todas as células. As conseqüências variarão de acordo com o tipo de alteração.
  • Tipos de alterações estruturais:
Existem quatro tipos de alterações estruturais: inversão, deficiência ou deleção, duplicação e translocação.
Suponha que haja ruptura (provocada por uma radiação, por exemplo) em determinado trecho de um cromossomo e que um pedaço desse cromossomo se solte. Se esse pedaço sofrer uma ressoldagem em posição invertida, ocorrerá  inversão na sequência de genes.
Caso ele se desloque, fixando-se em outro cromossomo homologo (que contem genes para as mesmas características), o cromossomo original apresentara deficiência  ou deleção, e o que recebeu o novo pedaço apresentará duplicação na sequência de seus genes.
 No caso de ligações desse pedaço ao cromossomo não homólogo, dizemos que houve translocação.

v  Alterações estruturais na espécie humana:
No ser humano, a perda de um segmento de cromossomo (deleção) é quase sempre prejudicial, mas as outras alterações podem ter também efeitos benéficos, aumentando a diversidade genética e originando  novas combinações de genes. Por isso, tem papel importante na evolução das espécies
Um exemplo de deleção é a síndrome do miado do gato,  em que falta um segmento do cromossomo 5, provocando má-formação na face e defeitos na laringe, alem de deficiência neuromotora e mental. Por causa desse defeito, o choro da criança portadora dessa síndrome se assemelha a um miado de gato.
As outras anomalias estruturais podem interferir no funcionamento genético e provocar a morte do zigoto ou doenças, ate mesmo alguns tipos de câncer. Alem disso, essas anomalias dificultam  a separação de cromossomos homólogos durante a meiose, diminuindo a fertilidade do individuo.
Um caso bem estudado é o cromossomo Philadelphia (referencia a cidade onde foi descoberto em 1962), formado por uma transcrição entre o cromossomo 22 e o 9. Essa mudança afeta um gene que controla a divisão celular, causando um tipo de leucemia.

  • O bebê será normal?
Alguns exames permitem descobrir a existência de anomalias cromossomiais logo no inicio da gravidez. Uma dessas técnicas, denominada amniocentese, é feita geralmente a partir da décima quarta semana  de gestação e consiste no exame de células do feto encontradas  no liquido amniótico. Uma pequena quantidade de liquido pode ser retirada no principio da gravidez. Examinando essas células após cultura de tecido, faz-se o cariótipo do feto para verificar se ele é anormal. O resultado demora de duas a três semanas.
Outra técnica é a biópsia vilocorial , na qual se retiram amostras da placenta. Em geral é feita por volta da décima semana de gravidez.
Uma técnica mais recente de diagnostico e terapia de doença de crianças ainda no útero materno é a  cordocentese, feita a partir da vigésima semana. Trata-se de uma punção do cordão umbilical para retirar amostra do sangue do feto ou para transfusão no tratamento de doenças sanguíneas.
Esses exames, porém, envolvem um pequeno risco de aborto involuntário (em torno de 1%) e, por isso, são indicados para mães em idade avançada (acima dos 35 anos de idade) ou que já tiveram um filho com  alguma alteração cromossomial.

  • Por que fazer o cariótipo?
O cariótipo nos permite saber qual o numero e qual a forma dos cromossomos de uma espécie e estabelecer o seu padrão normal. Alterações nesse  padrão, seja no numero ou na forma de um ou mais cromossomos, geralmente trazem sérios problemas para os indivíduos, que passam a apresentar anomalias, algumas letais. Essas alterações são chamadas mutações cromossômicas e são responsáveis por diversas doenças.
As mutações mais comuns na espécie humana estão relacionadas principalmente a alterações no numero de cromossomos de cada par de homólogos. Essas mutações ocorrem em geral por erros na meiose.
Algumas das mutações cromossômicas são:
  • Síndrome de Down ou mongolismo:
Os indivíduos possuem um cromossomo a mais no par 21. Os sinais clínicos dessa síndrome são: cabeça pequena, com a face achatada; olhos com os cantos externos puxados para cima; boca pequena, mas língua no tamanho normal, o que a deixa para fora da boca; dentição irregular; pescoço curto e largo; baixa estatura; dedos curtos; linha reta na palma da Mao; coeficiente intelectual baixo. Podem chegar a idade adulta.
  • Síndrome de Patau:
Os indivíduos possuem um cromossomo a mais no par 13. Os sinais clínicos dessa síndrome são: cabeça pequena, olhos afastados, orelhas malformadas, defeitos sérios no coração, sistema digestivo e geniturinário; geralmente são surdos e cegos. Sobrevivem ate no Maximo 3 anos de idade.
  • Síndrome de Edwards:
Os indivíduos possuem um cromossomo a mais no par 18. Os sinais clínicos dessa síndrome são; cabeça pequena e estreita, olhos afastados; boca e queixo pequenos; pés deformados; anomalias graves no coração, nos rins e no sistema reprodutor.  Sobrevivem no Maximo ate 1 ano de idade.
  • Síndrome de Klinefelter;
Os indivíduos possuem um cromossomo X a mais. É uma síndrome relacionada com os cromossomos sexuais. Possuem dois cromossomos X e um Y.  Esses indivíduos são todos do sexo masculino. Os sinais clínicos da síndrome de Klinefelter são; testículos pequenos; ausência de espermatozóides e, em alguns casos, seios mais evidentes. Vivem normalmente, mas são estéreis.
  •  Síndrome de Turner:
Os indivíduos possuem um cromossomo sexual: o X. São, portanto mulheres. Os sinais clínicos dessa síndrome são: estatura pequena, não ultrapassando 135 cm na idade adulta; ovário não-funcional; pescoço curto e largo e anomalias renais. Vivem normalmente.


Biliografia:
Lopes, Sonia; bio; vol  1; pag 232 e 233; editora saraiva
Linhares, Sergio; Gewandsznajder, Fernando; biologia hoje, citologia, histologia,origem da vida; vol 1; pag 282 a 287; editora ática.

Nenhum comentário:

Postar um comentário